- Ei, vem! Toca esse piano pra mim! Eu sei que você sabe uma música bonita...
Mas ele nem pestanejou e me deu um beijo no pescoço. Não era isso que eu desejava. Quer dizer, era sim, mas naquela exata hora era uma poesia, uma melodia, um som saindo dos lábios ou das mãos dele dizendo que se preocupava comigo.
- Tá sol lá fora, quer caminhar? Eu tenho que ir embora mesmo...
Eu não queria, mas precisava. E cá pra nós, é impossível eternizar um momento sozinha.
- Não tenho medo de andar por aqui se você me acompanhar sem pressa.
Caminhamos por muitos minutos. Conheci os seus lugares preferidos, segui em linha reta. Tão bom andar sem se preocupar com o percurso. Naquele dia caminhei como criança.
- Olha só quanta gente, quantos lugares que ainda não conheço.
Virei pro lado. Ainda não o havia observado desse ângulo. Daqui ele é mais bonito. Não sabia que ele caminhava assim. Não sabia que a respiração dele fica curta quando se exercita.
- Poxa, quanta coisa eu não sabia sobre você!
- Oi?
- Não, nada, só pensando alto...
Não, não se assuste. Só estalei um beijo no teu rosto pra te fazer um carinho. Venha, vamos continuar andando. Gosto mais desse mundão quando posso olhar pra ele com você.
maio/2013