quinta-feira, 22 de novembro de 2012

POETA CLANDESTINO

*Para Leonardo Só

Se uma ave fende o céu num rompante,
esse pássaro vadio,
já isso seria motivo para poema.
A natureza, corrosiva e feliz,
é matéria prima.
Ele agrega o amor pungido e a solidão,
irmãos que são,
num investimento de formas improváveis,
em manhãs que nunca sorriram
ou em noites que sonham em se casar.
Deus lhe deu o dom porque mereceu.
A severidade da realidade
ou a magia do sonho:
impossível identificar a diferença
tamanha brisa que flui desses seus segredos não mais secretos.
Autodenomina-se clandestino.
Podes ser oculto em tudo,
menos nessa extrema poesia.

novembro/2012

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