terça-feira, 9 de outubro de 2012

DESÉRTICA

Cansei da monotonia da cidade grande.
Vou para o deserto onde não há celular nem TV a cabo.
Ficarei, assim, admirando o vai e vem da areia:
as montanhas de poeira que mudam daqui para acolá sem, contudo, precisarem de orientação.
Vou-me embora para Atacama. Não, para Negeb. Talvez para Kalahari.
O continente não importa.
Sempre haverá um oásis; os camelos estarão disponíveis; os tecidos de linho cumprirão a função contrária e eu adoro essa inversão de papeis.
Partirei agora mesmo. Pularei na minha ampulheta particular. Escorregarei por entre os grãos. Me fartarei na macia cama multicolorida. Ficarei assim, indo e voltando. Com o tempo.
Sem maldade cá dentro nem buracos abertos no chão pra me engolir.
Realidade é para os jornais, para a TV.
Na minha opinião, a realidade deveria ser mesmo proibida.

outubro/2012

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