terça-feira, 18 de setembro de 2012

HOJE ELE VIVE NA CAIXA DE RECICLÁVEIS

Ela acordou e disse com decisão, com certeza  nos olhos:
- Chega.
Estava cansada de ser preterida. Prometeu, naquele exato momento que, nunca, nunca mais iria figurar em segundo plano. Pôs uma bela roupa, ajeitou o cabelo, aninhou a bolsa e saiu de casa. Caminhou bastante, fez um trajeto diferente do que estava acostumada.
- Andando penso melhor.
Estava realmanete exausta de ser expulsa da história alheia.
Contentar-se com as migalhas passou a ser sinônimo de oferta. Estavam juntos a um passo do distante. Nessa história, os valores estavam invertidos. E ela perguntava a si mesma, neste pouco momento de lucidez, como havia atingido esse ponto...
Leu certa vez que "saudade é a alegria da dependência"... mas o que é poético e belo - e bem disse Fabrício pois o é - não servia de base nem matéria prima para sua felicidade momentânea.
- Precisas descansar.
Não, não! Parecia que ninguém entendia nada sobre nada.
- Estou esgotada, esgotada...
- Tira uma semana de folga.
Não!! tinha consciência de que ficar de pernas pro ar não era nem paliativo.
Ela sabia. Tinha que se libertar. Decisão que só ela poderia tomar.
Naquele dia, abriu a cabeça, pegou o sujeito pela mão e o jogou na caixa dos recicláveis.
- Agora sim. Te expulso antes de criares raízes em mim. - esfregando as mãos em sinônimo de trabalho cumprido.
Ficou livre. E vazia.

setembro/2012

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