Entrou no chuveiro decidida, como alguém que invade o reino alheio
com a certeza de que carrega mais homens no exército.
A fumacinha que vaporiza o ar é gelo seco,
indicando o início do espetáculo.
Com as mãos em cuia, faz sua lagoa,
banha o rosto no seu próprio rio.
As mãos em concha repousam sobre os peitos.
Aos poucos, permite que o manto d'água transparente
passeie sobre eles e o corpo inteiro,
escorregando e arrastando tudo,
como ribanceiras.
Agora, a cascata despeja seu brilho sobre a cabeça.
Os dedos, em luva de espuma,
fazem a coroa: cheiro de morango.
Imperializa-se a ela mesma, sozinha.
É sua própria Rainha.
Vê a água branca indo embora
e com ela, seus medos. Adeus.
O resto é espuma, é spam.
No vidro embaçado escreve seu próprio nome, o dele,
escreve um desejo.
Isso é que eu chamo de um banho de ilusão.
julho/2012
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