Existem algumas considerações básicas a meu respeito.
Café -> indispensável
Não dispenso um bom lodo espesso de cafeína. Sou perita. Sei quando está forte demais, quando erraram a mão no açúcar, quando foi requentado. Não gosto de misturar café com outra coisa. Café é café. A história de que a tinta preta deixa a gente desperta, pra mim não funciona. Problemas, amor não correspondido, contas a pagar, isso sim me deixa sem sono. Café, não.
Sono -> imprescindível
Tenho inveja de quem se contenta com 4, 5 horas de cabeça no travesseiro. Eu não consigo. Aliás, para dormir é um ritual: luz apropriada, mil almofadas, edredom fofinho e com cheiro, imaginação, TV. Penso até o que poderia sonhar naquela noite. Às vezes, dá certo. Gosto de cochilar em viagens; qualquer sacolejo me embala. Não me acorde para o lanchinho da GOL. Pra mim, sonolência pesa mais do que fome no quesito irritação.
Chocolate -> necessário
Não faço promessa por uma gotinha de mel mas me ajoelho por um bom chocolate. A comilança tem início pelo cheiro. E eu não sou preconceituosa. Admiro o trufado, branco, com licor, crocante, meio-amargo, mas fico babando por um com recheio de maracujá e mataria por um 80% cacau. É o alimento dos deuses do carpe diem. Nutela, iô-iô cream e tudo mais também estão na dança.
Livros -> essencial
Sinto inveja dos escritores. Queria ser cada um deles. "Como ele se apoderou dessa ideia que vive dentro de mim?" - vivo repetindo esse mantra. Um bom livro é para ser saboreado em diferentes fases da vida. Aos 15, o livro do Carpinejar tem um sentido, aliás, quase não entenderás nada. Aos 20, o autor é louco, quase devasso. Aos 30, uma descoberta científica. Aos 40, um gênio. No silêncio da leitura é que as coisas aparecem. Quero uma biblioteca gigante, não gosto de me despedir dos meus livros. No máximo, dar de presente. Tenho cíume deles.
Asma -> importante
Não vou a lugar algum sem minha bombinha. Outro dia li que a baixa de oxigênio mata neurônios. Ou seja, se eu não cuidar da minha Asma, emburreço. Por isso, fiz um propósito de usar o inalador uma vez por dia, só com soro. Ele está sempre a postos. Descobri que quando fico nervosa ou muito ansiosa, meus brônquios também se comprimem. Agora, relax total. Preocupação, só em último caso e com o nebulizador ao lado.
Passado -> petrificável
Pra mim, o presságio do horror é ficar lembrando de coisas passadas com aquela saudade que não traz nada, só infelicidade. Tem gente que só falta colocar música do Lionel Richie e saborear as lágrimas vendo fotos antigas, cartas, bilhetinhos, cartões de floricultura. Faço o possível para deixar meu passado em seu lugar, mesmo que ele irrompa em semblante de delicadeza. Gosto de mantê-lo fossilizado.
Ciúme -> controlável
Meus relacionantes sempre foram muito espirituosos, engraçados. Eu pensava: Ah! Vai ser gentil assim lá no inferno! Mas como reclamar do cavalheirismo?? Antigamente, até matutava "Destesto que não me obedeça" já sorrindo por dentro do absurdo que desejava. Sofri muitos desagravos em nome do amor e do bom comportamento. Hoje, mantenho a compostura e o ciúme enjaulado em uma prisão de segurança máxima nas Ilhas Filipinas. Com o tempo, passei a desenvolver cegueira e surdez seletivas. Tem dado certo.
Criação -> incontrolável
Saúde é ter a mente desobstruída. Para criar, não preciso de lugar específico, a música pode estar estar alta e as pessoas falando. De repente no restaurante e pá!, lá vem a ideia. Conversando com a arquiteta, entre cores e papel de parede e pá!, lá vem a inspiração. Basta ter um espaço para anotar. Me derramo sobre as teclas e é tudo muito natural. Costumo dizer que não sou artista, não me considero, mas prolífica assim, é a desforra final da minha vã desconfiança. Não consigo controlar.
Indiferença -> execrável
Melhor seria me esquecer de uma vez do que me tratar com indiferença. Muito pior do que ser odiada é ser ignorada. Os que são indiferentes a mim, incluo a todos como figurantes do Thriller. Tenho raiva de quem faz olhar blasé sem uma gotinha de suor; vira o rosto de propósito; põe óculos escuros pra disfarçar o crime. Quem inventou que indiferença é modernidade??
Cachorros -> fundamental
Ando na rua, procurando cachorros para agradar: é quase um TOC. Sorte minha que nunca levei uma dentada de algum cãozinho maltrapilho. Em geral, eles são bastante solícitos, reconhecem a simpatia e estendem a pata quase sorrindo. Tenho mania de cuidar dos cachorros dos outros. Havia uma época em que eu conhecia 'todos' o cães que viviam em uma rua que era minha passagem obrigatória para o trabalho. Eu diminuía a velocidade só pra verificar se estavam todos bem. Às vezes, parava em uma casa ou outra para conversar com os mais simpáticos. Hoje, Magali reina absoluta em meus sonhos, no pé da cama, em meu coração.
Amor -> vital
Essa é a melhor parte da vida. É no amor que eu traduzo o que me embaralha. Pra mim, é uma cartografia generosa e a diferença está, justamente, como seguimos esse percurso. É sempre uma boa supresa. Arrebenta os laços que imaginávamos. Coisa mais linda é viver o amor sem adiamentos nem desculpas. Ele acontece. O amor nunca está cansado.
agosto/2012
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